Este texto é em homenagem a todas as boas mães que sofreram como eu para aceitar as inúmeras e gigantescas mudanças que ocorrem em nossas vidas depois da chegada de um filho.
Demorou mas enfim tomei coragem para escrever sobre o assunto que mais me incomodou durante os últimos 3 anos: ser mãe. Não foi fácil! E agora que minha vida está entrando nos eixos, eu me sinto confortável para falar sobre isso.
Neste exato momento em que escrevo, inúmeras mulheres como eu que desejaram ou não ser mães estão sofrendo profundamente com as mudanças e o rumo inesperado que suas vidas tomaram, tudo por causa de um bebê!
Se você ainda não é mãe, tem certeza de que quer ser?
Eu tinha!
Até os 25 anos eu não queria ser mãe. Tinha medo de bebês e crianças. Assim como se tem medo de abelhas, fantasmas, vírus da gripe suína, assaltantes, e por aí vai.
Mas sim, eu tinha certeza. Aos 31 anos!
Escolhi até a data para isso. Sei lhes dizer até em que semana meu óvulo foi fecundado. Tudo foi totalmente planejado (como tudo havia sido por 31 anos em minha vida – esse foi o grande problema!).
A parada da pílula anticoncepcional 4 meses antes (e o uso seguro de outro contraceptivo no período para ter certeza de que não haveria qualquer vestígio de hormônio da pílula no meu corpo), o início da hidroginástica 1 ano antes de engravidar e os exames preparatórios, 2 anos antes de engravidar as conversas com meu marido sobre como cuidaríamos da criança, quais seriam as regras de conduta para educá-la, quantos filhos teríamos (seriam 2), os possíveis nomes e até o que seria acordado caso nos separássemos um dia.
É assim que sempre conduzi a minha vida. Sempre muito argumentativa, organizada, controladora, sistemática e meticulosa, eu consegui “comandar” minha vida e as pessoas que faziam parte dela para que tudo sempre fosse da maneira que eu precisasse.
Isto inclui familiares, chefes, namorados, amigos e até vizinhos ...
Ou seja, não tinha como dar nada errado, certo?
Errado!
Tudo muito bem explicado no capítulo 6 do livro “10 princípios básicos para educar seus filhos” do renomado psicólogo americano Laurence Steinberg.
(Leia trechos deste livro: Clique aqui!)
Por que diabos eu não li este livro antes de pensar em engravidar?
Está tudo lá, todas as explicações do porquê eu ter surtado (literalmente despirocado) depois que minha filha nasceu!
No capítulo 6 intitulado “Ajude seus filhos a se tornarem independentes” o psicólogo explica que:
“a imposição de limites ajuda os filhos a desenvolverem o senso de autocontrole, e o incentivo à independência os ajuda a promover o senso de autodeterminação"
LIMITES → AUTOCONTROLE
INDEPENDÊNCIA → AUTODETERMINAÇÃO E RESPONSABILIDADE
Adivinhem o que a pequena Adrianinha teve mais na infância? Pois é, minha autodeterminação veio do fato de eu ter tido muita liberdade na infância e adolescência. Em excesso, eu diria. E muito pouco limite!
Como o autor explica, o incentivo à independência (ou seja, dar liberdade para que seu filho faça as coisas por ele mesmo) os tornará responsáveis (e eu sempre fui muito!) mas os limites ensinam o autocontrole, ou seja, ensinam os filhos a lidar com as frustrações. Isto eu nunca havia aprendido até ... um bebê aparecer em minha vida!
É por isso que foi tão difícil viver sem estar no comando. Sim, minhas estimadas leitoras e amigas: depois que se tem um filho é mesmo verdade tudo o que nos contaram: você e seu parceiro podem (e devem) até estar no comando da vida do seu bebê, mas você terá a sensação de que nunca mais estará no comando da sua, esta parecerá um barco à deriva, comandado pelas necessidades do seu bebê e pelo amor incondicional que você sentirá por ele.
Você não poderá mais tomar banho ou ir ao cabeleireiro a hora que quer, comer sossegado (sabe aquele jantarzinho à luz de velas? Será uma doce lembrança), dormir uma noite inteira, ter a brilhante idéia numa sexta às 17h “Vamos pra praia?” ou “Vamos acordar as 3 da manhã e ver o sol nascer em Campos na Pedra do Baú?”. Dá pra entender o drama?
Em um dos meus piores momentos cheguei a dizer a minha irmã que eu me sentia amputada. Minha liberdade havia sido tirada de mim!
Aí deram um nome para esse surto das mães que não estavam exatamente preparadas para serem mães: “depressão pós-parto” que eu prefiro chamar de “não adaptação às gigantescas mudanças que aconteceram na vida da mulher da noite pro dia por causa de um ser de 46cm”.
E aí alguns dirão “mas nenhuma mãe está preparada para ser mãe”. Ah, estará sim! Se eu tivesse lido o capitulo 6 e juntamente com ele feito uma bela terapia, eu teria poupado muito sofrimento.
E todo este texto é sobre isso.
Minhas queridas amigas que ainda não engravidaram ou estão prestes a parir, comecem já a terapia. Terapia para ser mãe! Descubram que aspectos da sua criação e da sua personalidade podem lhe trazer sofrimento pois maternidade jamais deveria combinar com sofrimento. Também não combina com egoísmo, arrogância e impaciência. Por isso se você, assim como eu, tem alguma destas características (ou todas!) segura na mãe de Deus e vai ... vai pra terapia. Veja se não está querendo ter um bebê para preencher um vazio, ou pior, porque a sociedade cobra isso dos casais.
E depois, se você estiver realmente segura de que seu desejo é genuíno e de que está preparada para os solavancos, seja muito feliz com seu bebê!
Hoje, já quase “curada”, posso dizer-lhes que minha filha foi o que de mais belo e precioso apareceu em minha vida. E eu poderia ter sido muito mais pra ela estes 3 anos se tivesse me preparado emocional e psicologicamente.
É bom dizer que isto não dura a vida toda. Eu diria que, assim como aconteceu comigo, os primeiros 3 anos são mesmo os mais difíceis. E se seu filho tem um super pai como a minha filha tem, tudo fica muuuuuuuuuuito menos difícil.
Eu estou quase conseguindo tomar banho a hora que quero (até já consegui fazer um escalda-pés com alecrim , alfazema e erva doce um desses dias) e comer mais ou menos sossegada. No cabeleireiro, ela vai junto, e alguém distrai ela passando “rosa chiclete” nas unhas dela. E ela fica tão feliz!!!!
Só não dá ainda pra ver o sol nascer em Campos ... mas daqui a alguns anos, é um compromisso, vamos levar a Isabela, sem falta!
Saiba 10 regras fáceis para educar seus filhos
Por Laurence Steinberg
Leitura Recomendada
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