Grande parte das minhas amigas trocaram seu nome de solteira, adicionando a este o nome do marido, ao se casarem. Uma amiga que morava há alguns anos com o “namorido” chegou até a incorporar o sobrenome dele mesmo sem ter se casado oficialmente (nem no civil, nem na igreja). Tive uma outra amiga que quase ficou neurótica de tanto passar os meses que antecediam seu casamento tentando formar um novo nome que lhe soasse bem ... combinava daqui, combinava dali, e não conseguiu se decidir até duas semanas antes da cerimônia!
A minha mãe nunca teve o sobrenome do meu pai, isto porque lá na pequena aldeia portuguesa em que eles se casaram na década de 50 isto não era necessário. Foi a primeira mulher casada que conheci que fez isso. Depois fui eu quem fez o mesmo.
Desde que me conheço por “gente que quer se casar” eu sempre dizia que não mudaria de nome. Sempre senti que isso mudaria minha identidade. Era como se eu negasse minha identidade e origem familiar para me tornar uma outra pessoa, caso o fizesse. E me sinto assim até hoje! Tive a sorte de ter um marido nada machista e “bem pra frentex” sob este ponto de vista.
Curiosamente, recentemente conversando com minha terapeuta sobre o complexo reino da família, refletimos sobre este conceito. Ela acredita que quando nos casamos, a nossa família passa a ser de fato formada por dois integrantes: o marido e a mulher. Eventualmente, terão ou não filhos que ampliarão esta nova família que acaba de ser formada. Todo o restante (aqueles que chamávamos de família antes de nos casarmos) passam então a ser nossos familiares! E deveríamos nos referir a eles como familiares e não como família. Segundo ela, este conceito é muito importante para o casamento dar certo.
Diante disso, que impacto teria no casamento a mulher ter ou não o nome do marido?
Então, fiquei pensando que talvez faça sentido que esposa e marido compartilhem do mesmo sobrenome mas acredito que legal mesmo seria se estes dois pudessem inventar um novo sobrenome, já que uma nova família será formada. Já pensaram se pudéssemos inventar um sobrenome totalmente novo? Quantos sobrenomes interessantes não apareceriam?
Ou, no máximo, que uníssemos um sobrenome de solteira ao sobrenome do marido como acontece na Inglaterra, por exemplo, algo do tipo Sra. Smith-Jones (sendo o Smith proveniente do nome de solteira e o Jones do marido). Eu seria a Sra. Oliveira-Chieffi.
Mas o que realmente não consigo gostar é da mulher adquirindo o sobrenome do marido pois isso me remete a uma época muito arcaica em que as mulheres eram vendidas (dotes) a seus maridos e este (assim como se marca o casco da pata de um cavalo) crava na mulher seu sobrenome para fazê-la sua, ou seja, de sua posse. É este o motivo de eu nunca ter me simpatizado com esta idéia, tão romantizada na atualidade.
Então, adoraria saber das minhas amigas casadas o que as levaram a incorporar o nome de seus maridos, o que pensaram, idealizaram e sonharam para sua vida de casada através desta modificação.